segunda-feira, 20 de agosto de 2012

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Busquei a boca para falar de
memórias mascadas manhãs
Mágoas derretidas putrefando
em perdidas corridas pendidas

Quis a língua para vomitar
teu gosto inteiro, eterno
Minha goela não aguenta
lembranças a cara me lambem

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Pangeia

Depois do primeiro beijo do segundo dia que a gente se viu eu até sei que você já trabalhou naquele prédio alto que fica naquela rua. Eu quase não consegui entender o que estava escrito na sua camiseta, mas quem estava mais bêbado era você. Atrapalhado com a lata de coca-cola no terraço desse prédio que fica nessa rua aqui. Descemos do carro e você já até sabe o número do meu apartamento que ele fica no primeiro andar, mas eu subo as escadas correndo e te levo junto digo que pra um lugar que gosto ao invés de ver a paisagem eu vejo seus olhos bem perto dos meus. 

Sua boca colada na minha. 

Por um tempo parecemos dois pilares de concreto que foram construídos com um mínimo de espaço entre eles. O sorriso sem graça e de vontade aproxima esses dois pilares que bem mais parecem argila molhada agora. Meu corpo tava pedindo o seu e só de sentir sua mão boba que sem querer se apoia na minha coxa meu calor espanta a brisa pouco fria que passou ali. Agora lembro que seu cheiro me arrepiou depois que você se livrou da coca-cola e andou reto na minha direção com cara de vergonha nada envergonhada. Meu olhar ficou grande esperando o que viria e acho que sorri meigo. Fechei os olhos e senti sua camiseta balançar com o pouco vento antes de encostar no meu peito. Me derreti e só não escorreguei pela parede porque sabia que nossas línguas queriam conversar outra vez. Conversa boa foi aquela. E de repente nossos olhos estavam se olhando deitados na minha cama. E tá tudo tão certo. Eu lembro que escutei isso. E tá tudo tão certo. Eu me lembro que foi a última coisa que ouvi antes de dormir sorrindo segurando sua mão. Mas aí você me acorda e foi dormir na sua cama. E apesar de achar estranho eu nem me importei e gostei assim. Vai ver porque quando eu te olhei, eu te olhei, e porque quando você me olhou, você me olhou. 



Na manhã seguinte a vizinha de cima passou metade do seu dia se perguntando por que raios estaria uma lata de refrigerante perdida no chão do terraço grande.