segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Bisturi

Ela enterrou as unhas grandes e afiadas no seu peito quando o desespero da dor já era insuportável. Batendo, arranhando, riscando até que a pele rasgasse. Rasgou e doeu e ela chorava. Ela aberta com carne sua embaixo das unhas. Mas ela já chorava antes. Continuou a enfiar as mãos em si mesma, continuava a se perfurar enquanto gritava sem som. Ao atravessar a camada de gordura que não aquecia seu coração há muito tempo procurou e... procurou e... Nada. Não encontrou o que queria. Ela aberta vermelha. Seu coração palpitava com força enquanto uma lágrima escorria dele. Mas onde está, ela pensou? Ela aberta com dúvida nos olhos. Onde está esse sentimento de te amar que ainda não saiu de mim? Ela aberta tentando tirar isso. Com sangue nas mãos e o coração ainda mais exposto ao mundo, ela bateu na porta dele. Ela aberta derramando sangue na rua. Morre, ela disse sem som. Morre de dentro de mim, ela disse sem som.

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