quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Corredor Correria

- Feliz ano novo pra você. 
- Pra você também. 
Sorrisos nos rostos. 
Sigo pelo corredor do 13º andar e encontro na sinceridade da minha pequena caminhada sozinha até a porta do elevador um rapaz sentado nas escadas que só uso quando chorei muito. Ele me olha não porque me olha e sim porque sou uma movimentação de blusa vermelha naquele espaço monótono e longo de portas fechadas afiadas. Ele me olha por poucos segundos e me sinto invadida. Espero o pim do elevador que veio dos dois lados enquanto mexo no meu guarda-chuva que não usarei hoje. Um me levaria para cima, outro para baixo. Penso se subo para depois como peso cainte até o chão espatifar-me. Preferi a segurança do constrangimento-elevador lotado e pisei com os pés, não com a cara, no petit-pavet-tinha-no-meu-caminho-hoje. Aí percebi que as escadas seriam mais interessantes. 

No elevador sou obrigada a estar com pessoas na rua sou obrigada a estar com pessoas e nela eu posso desviar, nele eu olho para o chão para não verem o rachado vermelho dos meus olhos os cílios ainda molhados de líquido transparente levemente salgado. Saio respirando profundo pra tirar dos pulmões o pensamento do conteúdo da sala do 13º andar. Respiro profundo. Respiro profundo. Respiro promundo. Respiro a. Respiro aaa. Respiro aa-a-a fuuuuu a-a-a-a-AA atchim! Perfume doce da mulher com calça verde florida de roxo na minha frente. Perfume doce da mulher com calça verde florida de roxo na minha frente invade como agulha as minhas narinas a esquerda coça mais que a direita e eu espirro três vezes em seguida. Pausa. Mais três vezes em seguida. Pausa. Até paro de caminhar. Sacudo as mãos a espera de um ou três ou quatro espirros mas eles falham e. E eu continuo parada no meio da calçada pra reparar naquela mesa pequena amarela que ficaria tão legal na futura sala que terei. Não é uma sala como a sala do 13º andar, mas ainda assim é uma sala. 

Tenho sede de fruta no calor que derrete uma gota no meu pescoço. Tenho vontade de você no tesão que invade minha calcinha enquanto durmo. A promoção mais barata que antecipa o Natal ecoa nos meus ouvidos eu tento me lembrar de uma canção, mas com tantas mensagens publicitárias musicadas e elaboradas com um refrão grudento e de curta duração, a fim de serem impregnadas nas nossas sinapses com facilidade o ritmo-melodia do meu cantor quase favorito foge de mim. Assim como às vezes eu fujo da sala do 13º andar mesmo estando lá dentro. É difícil correr dos meus pensamentos. Mas até o corredor correria se escutasse tudo o que digo na sala que não é a futura sala da minha casa.

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