domingo, 18 de agosto de 2013

Professora

Esquecerei em cada vírgula do seu corpo os pontilhados dos meus dedos
O suor do meu prazer percorrerá os detalhes de suas linhas e fará borrão de suas reticências
O vermelho de meus lábios manchará sua pele feito tinta no papel
A firmeza do meu pincel vai lamber seu corpo-tela-branco

Me deixa rasgar seu envelope
Romper o zíper de seu penal
Arrebentar o elástico de sua pasta

O molhado da minha língua rumo à sua é objeto direto do meu tesão
Verbo intransitivo da minha mão na sua margem
O grafite lambuzei na página sua, nua
Não haverá hipérbole que possa falar do parágrafo que te convidarei


Me deixa rasgar seu envelope
Romper o zíper de seu penal
Arrebentar o elástico de sua pasta

O selo da carta pregado com a minha saliva
O lápis de desenho cócegas fazendo na sua orelha
A gravura proibida
A moldura escolhida
Verbos de ligação grudando nossas peles
Rimas nas nossas línguas

Dessa história nos sobrou o pretérito-mais-que-perfeito

Me deixa rasgar seu envelope
Romper o zíper de seu penal
Arrebentar o elástico de sua pasta

Nenhum comentário:

Postar um comentário