quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Cappuccino


Parafraseando uma música do Pato Fu, sim Pato Fu: me habituei ao cappuccino. E hoje ao terminar de engolir uma grande xícara quente e cheia voltei a ler um conto intrigante de um blog. Aliás, tenho consumido bastante literatura pela tela do notebook. Percebi a persistência disso quando ontem; juro, sim juro; procurei a opção ‘localizar’ num livro que estava lendo. 


Mas voltando ao cappuccino. Eu não gostava de cappuccino como não gosto de café. E olha que onde nasci tem uma fábrica de café que invade a cidade com o aroma daquele pó preto no fim da tarde. Antes eu detestava. Aí me mudei pra capital e ao retornar numa dessas viagens de visita familiar me espantei quando aquele cheiro me agradou. Hoje gosto de coisas da cidade minha cidade natal que antes não gostava. E diferente do cappuccino eu não me habituei a elas, passei a gostar mesmo. Gosto de ver morros verdes e árvores compondo. Gosto de encontrar conhecidos na lanchonete e me sentar na mesma mesa pra comer alguma coisa. Gosto de conversar com pessoas na fila do mercado. Gosto de me sentar na calçada com o vizinho de baixo e falar sobre a vida. 

Com a bebida de leite café chocolate bicarbonato de sódio canela tudo em pó foi uma questão de acostumar-se. E por que, oras!, tentar tão insistentemente gostar do tal do cappuccino? Já parou pra reparar que café, assim como o cigarro e o álcool, é um artefato para socialização? Era muito chato chegar à casa de alguém com mais muitas pessoas e o anfitrião nos recepcionar com um café recém passado numa daquelas tardes frias e de neblina lá fora. Só eu não tomava o café. Era um incômodo pra quem se sentia na obrigação de me agradar com outra bebida. Era espantoso também: nossa, como você não gosta de café? É, não gosto e continuo não gostando. Mas já tomei umas duas ou três vezes no ano passado quando estava com muito muito sono minutos antes de reuniões na universidade. Eu quis por muito tempo gostar de café, e as vezes ainda quero. Por que? De vez em quando, nos dias frios curitibanos eu tenho vontade de tomar alguma coisa quente e penso que seria muito legal se eu gostasse de café, já que também não gosto de chá. “Nossa, seria muito legal se eu gostasse de café, já que também não gosto de chá”. Era ou é, não sei, meio que uma frustração da minha vida não apreciar com prazer o gosto amargo, forte e desagradável do café. 

É, e cadê o cappuccino nessa história toda? Houve um momento da minha vida (ó) que eu enjoei de beber leite leite e somente leite no café da manhã e/ou da tarde. As meninas que moravam comigo eram consumistas constantes do cappuccino. Resolvi provar. No começo foi muito ruim, depois maios ou menos ruim e logo depois menos ruim. Hoje não é que ele seja suportável, eu apenas me habituei. E continuo indo à cafés pra não tomar cafés, assim como continuo dizendo: “vem tomar um café aqui em casa” sem oferecer, necessariamente, café preto. Sem cigarro e sem café me resta o cappuccino ou mesmo o leite para o inverno. Sem cigarro e sem café me sobra o álcool para a socialização, mas não e obrigada. Prefiro por mim mesma.

2 comentários:

  1. contraditoriamente, eu também nunca consegui gostar.

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  2. Uma das meninas que toma cappuccino diz:

    vale lembrar:


    Certo dia, "No começo foi muito ruim, (...)", tomamos juntas. Sendo que cada uma preparou o seu. A quantidade de pó colocada na xícara influencia por total o sabor e expessura 'camurçada' que o cappuccino se torna fascinante.
    ELA, pede para experimentar da outra e diz: "o seu está mais gostoso que o meu".

    Fica a dica!

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