sábado, 8 de setembro de 2012

Feriado

Sapatilha roxa no canto da praça no meio das avenidas. Sapatilha roxa no canto da praça no meio das avenidas com furinhos iguais. Um maior bem na onda que o pé faz. Onda que o pé faz veia verde que sai do pé unha ruidosa de asfalto que o dedinho do pé tem, rugas retilíneas que o dobrado pé deixa escapar. O creme branco fica preso nas rugas retilíneas e lembra que as vezes esquecemos de terminar o começado. 

Sapatilha roxa no canto da praça no meio das avenidas com furinhos iguais esquecida obrigatoriamente. Saiu de casa brigada com o tênis esportivo preto. Mas os quatro pés se confundiram nos lençóis brancos de rosas rosas algumas horas antes. Se entrecruzaram e se perderam em meio a tanta pele pelada e misturada. A cor vermelha da boca da sapatilha roxa está na cara nos ombros na nuca no pescoço do tênis esportivo preto. 

Começaram em pé, na porta do quarto. Não não. Começaram naquele outro outono dia no fim da festa ela sozinha sem jeito ele sozinho carente. Ela carente também. Mas o batom vermelho fingia que não. Palavras trocadas, memórias trocadas, confidências confessadas. Palavras trocadas, memórias trocadas, excreções trocadas, suores trocados, gozos compartilhados rumores de prazer pelas paredes dos cantos da casa da mesma praça do corredor do elevador do interlocutor. Interlocutoriando pelo interfone. Inteiros quase internos pelo hall de entrada. E querendo entrar entraram então. Casa. Porta. Cozinha. Sala. Corredor. Quarto. Quarto. Quarto. Começaram em pé, na porta do quarto. Sapatilha roxa querendo dominar, mas o tênis esportivo preto é mais forte. E segura os braços da sapatilha roxa que se derrete e se deixa dominada. Língua na língua tua. Língua no lábio teu, no rosto teu, na orelha tua, cara tua, nuca tua, pescoço teu. Tão meu. Tão... língua nas costas, ela de costas, língua nas exuberâncias redondas abaixo das costas molhadas; clitóris molhados. lambendo a língua que lambe também. Mãos nos seios atentos. Mãos arredondando nos seios arredondados. Mãos espertas nas firmes gotas dele decididas. Mordidas. Dela pelas costelas. Mordidas dela pelas costelas dele, braços dele; orelhas; nuca; peito; pescoço, dedos dele. Na boca. Dela. Na intimidade. Dela. Ela. Mela. Ele. Rela. Línguas toques truques dedos olhos furtos mãos marés pernas coxas, pés confundidos em meio à confidências confessadas nos lençóis brancos de rosas rosas. 

Confidências confessadas. Compartilhadas. Confidenciais contrariadas. Contradizendo. Contracompreendendo. Por confidências exageradas. Língua na língua rua. Corredor. Sala. Cozinha. Porta. Rua. Mãos nos braços que desviam. Pés desencontrados. Um par a chegar no outro que foge, que se fode. Dedos no gatilho que aperta. Nem costas, nem orelhas, nem nuca, nem pescoço. Sem afago ou remorso bem na onda que o pé faz. Nem creme de morango deixaria essa bala doce. Bala cinza que ficou sangue. Quente e ardente ardendo o buraco da pele pelo qual passa. Nervos moles a tropeçar a sapatilha roxa no canto da praça no meio das avenidas com furinhos iguais um bem maior na onda do pé esquecida obrigatoriamente. Quase combinava com o resto das flores que queriam adentrar o verão.

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