domingo, 3 de fevereiro de 2013

Ensaio 2

O sotaque do meu corpo. As flores que murcharam todas. Os ares comprimidos no meu coração. A serra. A britadeira. O martelo. O ruído agudo, ora soco, do prédio parindo. Os ares comprimidos comprimindo minha respiração que sai aos poucos socos bem diferente do soco da construção do soco que levei na boca do estômago sem querer quando eu estava na quinta série. A quinta vez que a serra espirra fiapos nos meus olhos. A britadeira caminha na minha frente destruindo meu chão. Em obrigando a pisar nos escombros de mim mesma. Despedaçado logo ali. 

Paro tudo isso. Esqueço o barulho do motor do caminhão e sentada no banco da calçada olho para cima. Olho de cinema. Trocaram as janelas deste prédio e lá na ponta entre a árvore e o concreto vejo as nuvens brincando de corrida. Corro de mim.

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