E sete oitoooooooodespertador
toca em intervalos minúsculos de agudo fino. E sete oitoooooooodespertador toca
em intervalos minúsculos de agudo fino bem onde se aloja a glândula tireoide. E
toca. E pulsa. E pulsa em intervalos miúdos de agudo fino em cima do meu
coração ofegante e quente. Faz tempo a última vez que pratiquei corrida que
está minha rotina. Quando finalmente chego em casa saltito entre as roupas e
calçados espalhados pelo chão. Dou mini-pulos como que fugindo dos pregos que
me atravessam de baixo pra cima. Dou mini-pulos como que fugindo desses pregos
até encontrar minha cama. Ali, naquele canto escuro onde a luz do sol não bate
o mofo aparece. E sete oitoooooooodesespero quase me alcança quando tento
trabalhar num movimento interessante para a minha cena e os bichinhos das
árvores não deixam. Eles também querem participar. Mas eu fujo deles. Agora com
grandes saltos como se evitando a fenda profunda recheada de água da montanha
mais alta. Olho para o teto. Olho para o teto com infiltração. Não como que me
infiltrando nele, mas como a infiltração saindo dele. E penso que tô tentando
tirar algumas infiltrações de mim. A dor do siso. O amor que já morreu pra ele. A preocupação
que tenho com todos eles. A espinha inflamada. Preciso ir ao banheiro, mas
cansada dos mini-pulos para fugir dos pregos que me atravessam de baixo pra
cima vou pelas paredes mesmo. Me agarro a elas e elas me sugam. Me engolem por
todo o quarto e me cospem só na porta. A água boa do chuveiro cai com força
massageadora nos meus cabelos que lentamente a sentem e aí sim ela chega ao
coro cabeludo que se arrepia até os pelos dos braços com a visita esperada. E sinto
as costas todas molhadas. As pernas ainda não porque o tamanho da minha bunda
desvia um pouco a rota do chuveiro. Meus pés deixam de ficar secos dos
calcanhares em direção à curva que faz, em direção aos dedos. Quando termino o
banho me seco razoavelmente, visto uma camisola sem calcinha que quase umedece,
esqueço de escovar os dentes e me conforto com o cobertor macio. Sete oitoooooooo
nove dez onze carneiri...
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