sábado, 2 de fevereiro de 2013

Abelha

O segurança do Paço ouviu um pedaço da nossa história sem querer. Ele quase acreditou que aquela conversa foi simpática e não estranha ou sem jeito. Depois do oi rápido passado reto não fosse


- Bonito seu óculos. 
- Ah, obrigada. Você agora também tá usando. 
- Então. 
- Mas eu uso só de vez em quando. 
- Então tá bom. 
-Tchau. 


O seu sorriso simpático social. Sua incrível amabilidade depois de um show em que você fugiu do meu lado. Seu mel vem com ferrão. Sua incrível felicidade depois de um show em que a cabeça do cara da minha frente serviu de escudo pra eu não te ver. Logo ali, no outro lado, na frente do piano. Minhas dúvidas que parecem infinitas e minhas perguntas que nunca poderei satisfazer depois de um show em que nos escondemos pela cabeça de alguém. Minha garganta arranhando, tossindo porque sempre ficam coisas caladas. O envelope no meu peito carregando no pingente uma carta que quer falar. Mas não pra você. Não depois de um show que se estivéssemos juntos poderíamos sair dali e nos casar no próximo domingo na praia, no sol, no mar, ou num navio a navegar, num avião a decolar, indo sem data pra voltar. 

Eu voltei. Pra minha casa, minha taça de vinho. E pra escrever esse texto. Você eu não sei. Só sei que não pensou em mim.

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