terça-feira, 23 de outubro de 2012

Con ganas de color

Sonhei com um desconhecido que me pegava pelos braços e me rodava no meio da rua. Minhas pernas balançavam em círculos no ar. 

Eu precisava ir ao mercado, mas a geladeira não funcionava por falta de luz. Todos tomavam água em temperatura ambiente. Ninguém se queixava do tom amarelado que os corredores tinham. E depois de algumas horas ninguém mais percorria as prateleiras atrás de alguma coisa de comprar. As pessoas se reuniam na entrada, nos espaços ainda vazios sem embalagens coloridas para conversar simplesmente. A chuva havia morrido fazia pouco. Então as ruas estavam cheias de lacunas porque sem muita luz nos lugares todos pararam por onde passavam. E pode parecer estranho, mas mesmo com a falta de luz não havia breu. 

Eu entrei no supermercado. Eu vi os caixas, os clientes e os gerentes fazendo nada e alguns sorrindo por isso. Com sacolas vazias eu saí dali e trombei com alguém no meio da rua. Nos olhamos, rimos e ele me levantou. Sonhei com um desconhecido que me pegava pelos braços e me rodava no meio da rua. Minhas pernas balançavam em círculos no ar. Aí eu fui num café tomar um leite, passei num pequeno conjunto de varandas procurando cevada. Quando voltava para algum lugar que eu não me preocupava qual era e se iria chegar eu o encontrei outra vez. Esse desconhecido que eu sonhei e que me pegava pelos braços e me rodava no meio da rua. Minhas pernas balançavam em círculos no ar. 

Percebi que o sonho era meu. Eu dava voltas na quadra me deparava com o desconhecido de camiseta azul clara. Eu inventava um caminho e encontrava quem eu não sei quem é. Ele percebeu que o sonho era meu. Brincou o meu jogo. Escondia-se em lugares onde eu pudesse acha-lo. Escondido onde podia ser encontrado. O meu sonho se tornou essa descoberta de esconde-esconde e pega-pega. E sempre que nos víamos ele sorria. Eu sorria. Eu sorria e logo amolecia meus músculos para que ele me rodasse no ar e minhas pernas balançassem em círculos. Eu sonhei com um desconhecido que me pegava pelos braços e me rodava no meio da rua. Meu corpo gargalhava. Minhas pernas balançavam em círculos no ar. Acordei quando a chuva que molhava as plantas que eu não tenho parou. E agora? Será que se eu aparecer de surpresa na rua ele vai querer me rodar no ar e me fazer flutuar outra vez? 

Ele, quem eu sei exatamente quem é.

Nenhum comentário:

Postar um comentário