terça-feira, 12 de junho de 2012

A ferramenta da engrenagem não conseguia mais funcionar.


Despertador. Despertador desperta. Despertador desperta. Despertador dorme. 
Adormecida desperta. 


Abre os olhos. As pupilas dilatadas miram o quarto desconjurado. Fecha os olhos. A infiltração da parede escorre água lenta. Molha o chão. Ela quase não consegue, mas finalmente se move. Senta com as mãos apoiadas na cama e os pés no chão. Molha os pés. Na água que escorre devagar da infiltração. Impossível secar. É contínua. Continua.

Já faz um tempo. 

O chão não seca e a parede está cada vez mais arenosa por dentro. Os grãos duros de areia se esfregam um noutro e fazem um ruído grosso. Ela arrasta a parede, mas ela não sai do lugar. Ela arrasta a parede, mas ela não sai do quarto. Seus pés enrugados deslizam no piso fraco. Embaixo da fechadura da porta tá profundo e escuro.

Morrendo. Doendo por morrer. 


Ela estava muito fria. A porta do armário isolado estava emperrada. A água subia mais. E mais. Ela gritava na tentativa de aumentar sua força e abrir a porta emperrada do armário isolado. Ela caiu e seu corpo molho nas lágrimas da parede da infiltração. Quando conseguiu viu dentro.

Vermelho. Só havia o que vestir vermelho. 

Um comentário: